sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O Autor da Vida

29 de Janeiro

Sentado junto a grande escrivaninha, o Autor abre o grande livro.
Não há palavras.
Não há palavras porque não existe nenhuma palavra.
Não existe nenhuma palavra, porque nenhuma palavra é necessária.
Não há ouvidos para ouvi-las, não há olhos para lê-las.
O Autor está só.
Então Ele toma a grande pena e começa a escrever. Assim como um pintor junta suas cores, e um escultor, suas ferramentas, o Autor reúne suas palavras.
São três.
Três únicas palavras.
Dessas três fluirão milhões de pensamentos, mas essas três palavras sustentarão toda a história.
Ele toma a pena e traça a primeira. T-E-M-P-O.
O tempo não existiu até que Ele escrevesse. Ele em si, é atemporal, mas sua história ficaria fechada no tempo. A história teria o primeiro nascer do sol, o primeiro movimento da areia. Um começo... e um fim. Um capitulo final... Ele o conhece antes de escrevê-lo.
Tempo. Um passo na trilha da eternidade.

O Autor então escreve a segunda palavra. Um nome. A-D-Ã-O.
Enquanto escreve, vê o primeiro Adão. Depois vê todos os outros. Em milhares de eras, em milhares de terras, o Autor os vê.
Cada Adão. Cada filho.
Instantaneamente amados, permanentemente amados.
Para cada um, designa um tempo.
Para cada um indica um lugar.
Cada vida é um livro, não para ser lido, mas antes uma história que deve ser escrita.
O Autor inicia a história, mas cada um escreverá o seu final.
Que liberdade perigosa. Seria muito mais seguro terminar a história de cada Adão.
Seria mais simples, mais seguro, mais não seria Amor.
Amor só é amor, quando há opção.
Assim, Ele decide dar uma pena para cada filho. "Escrevam com cuidado", sussurra.

Carinhosamente, escreve a terceira palavra, já sentindo a dor. E-M-A-N-U-E-L.
A maior mente do Universo imaginou o Tempo, garantiu uma escolha a Adão, mais foi o Amor quem concedeu o Emanuel, Deus conosco.
O Autor entraria em sua própria história.
Tambem nasceria, também seria humano, teria mãos e pés, também teria lágrimas e provações.
E o mais importante, Ele teria uma escolha a fazer na encruzilhada da Vida e da Morte.
Poderia ter escolhido parar de escrever a página do seu próprio sofrimento.
Mas como não criar, sendo Criador?
Como não escrever, sendo Escritor?
Como não amar, sendo Amor?
Assim, escolhe a Vida, embora significando Morte, na esperança de que seus filhos façam o mesmo.
E desse modo, Ele completa a história, encravando a lança na carne e fazendo rolar a pedra sobre o túmulo.
Conhecendo a escolha que fará, conhecendo a escolha que todos os "Adões" farão, escreve FIM.
Fecha o livro e proclama o início de tudo:
"HAJA LUZ!"


Texto extraído do Livro "O Trovão Gentil" de Max Lucado

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